É a aprovação por órgão regulatórios — no caso do Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) — para que um produto possa ser usado excepcionalmente em uma emergência, para diagnosticar, tratar ou prevenir doenças graves ou fatais, quando não houver alternativas adequadas disponíveis e já licenciadas.

Essa aprovação não permite a comercialização do produto, que deve ser usado com indicações específicas até receber a licença definitiva.

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Sim. Apesar da agilidade no desenvolvimento, todas as vacinas licenciadas passaram obrigatoriamente por rígidos testes, desde a fase laboratorial até os estudos de fases 1, 2 e 3, que confirmam a segurança e eficácia em humanos. Os dados foram avaliados por especialistas independentes e entidades regulatórias e continuarão a ser monitorados na medida em que as vacinas forem aplicadas.

A possibilidade de desenvolver vacinas em curto espaço de tempo diante de uma emergência não devia ser motivo de desconfiança, mas de comemoração. Isso só é viável graças aos avanços de tecnologias que permitiram sequenciar em apenas uma semana o genoma do vírus e posteriormente aplicar esse saber no desenvolvimento de vacinas de diferentes plataformas.

Ainda que no início da vacinação contra covid-19 pudessem existir dúvidas em relação à segurança das vacinas, hoje, após mais de dois anos de utilização em larga escala por diversos países, podemos dizer que já dispomos de dados robustos que reforçam os perfis favoráveis de segurança das mesmas.

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Várias são as tecnologias aplicadas nas vacinas que estão em desenvolvimento e/ou já em uso ao redor do mundo. Todas se dirigem contra a proteína S (de spike: espícula, em português), que é responsável pela adesão do SARS-CoV-2 às nossas células, com consequente invasão e infecção.

De acordo com as plataformas tecnológicas utilizadas, podemos dividi-las em categorias:

  • Vacinas de vírus inteiros, atenuados ou inativados. Exemplo: Butantan/Sinovac (Coronavac) e Covaxin;
  • Vacinas genéticas, de RNA mensageiro (mRNA) ou DNA. Exemplos: Pfizer/BioNTech e Moderna;
  • Vacinas baseadas em vetores replicantes ou não replicantes. Exemplos: Fiocruz/Oxford/AstraZeneca, Janssen/Johnson & Johnson e Sputnik V;
  • Vacinas de subunidades baseadas em proteína do vírus. Exemplo: Novavax e Covovax;
  • De partículas semelhantes ao vírus (VLP).

Dessas, já se encontram em uso as vacinas de mRNA, as de vetores não replicantes, as de vírus inteiros inativados e as de subunidades. No Brasil, estão aprovadas para uso emergencial ou já registradas as vacinas Fiocruz/Oxford/AstraZeneca, Butatan/Sinovac (Coronavac), Pfizer/BioNTech e Janssen.

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As vacinas são feitas a partir do vírus SARS-CoV-2 inativado, ou seja, morto. A inativação é feita com o auxílio de substâncias químicas que destroem o material genético do vírus e, consequentemente, impedem a sua replicação, o que o torna incapaz de causar a doença. Esse processo, no entanto, mantém íntegra a cápsula do vírus, onde está a proteína S, responsável pela ligação e penetração em nossas células.

Uma vez no organismo, o vírus vacinal é percebido como um agente estranho e desencadeia a resposta do sistema imunológico. As primeiras células envolvidas nessa resposta (células apresentadoras de antígeno) “absorvem” o vírus, o destroem em seu interior e levam a proteína S para sua superfície.

Nesse momento, os chamados linfócitos T auxiliares entram em ação. Eles detectam a proteína, encaixam-se a ela e recrutam os linfócitos B, que produzirão os anticorpos específicos contra a proteína S. Os linfócitos B também são ativados pelo próprio vírus vacinal.

Enquanto a imunidade durar, caso a pessoa vacinada tenha contato com o vírus SARS-CoV-2, o organismo será capaz de “lembrar” como neutralizá-lo rapidamente.

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Para desenvolver este tipo de vacina, os pesquisadores inserem apenas o gene que codifica a produção de proteína S, responsável pela ligação do novo coronavírus com as nossas células, dentro de outro vírus, modificado para que seja incapaz de se replicar dentro do nosso organismo e causar doença ou qualquer alteração no genoma de nossas células. Esse vírus “carreador” do código genético que instrui a formação da proteína S é, portanto, apenas um vetor da informação genética para que as células humanas passem a fabricar a proteína S.

Após a vacinação e a entrada do vetor vacinal na célula humana, esse gene que codifica a proteína S é transformado em uma molécula chamada RNA mensageiro (mRNA), que contém instruções para a produção de proteínas S, o que ocorre fora do núcleo das nossas células, onde está o nosso genoma. Essas proteínas produzidas se fixam na superfície celular.

A partir desse momento, o sistema imunológico começa a atuar em diferentes “frentes”:

  • os chamados linfócitos T auxiliares detectam o agente estranho e recrutam os linfócitos B, que produzirão anticorpos específicos contra a proteína S;
  • os linfócitos B entram em contato diretamente com a proteína S da superfície das células “vacinadas” e produzem os anticorpos;
  • outro tipo de linfócitos T, chamados citotóxicos (ou assassinos), também são recrutados e destroem diretamente qualquer estrutura que exiba a proteína S.
  • as células “vacinadas”, ao morrerem, liberam fragmentos da proteína S que também são identificados pelo nosso sistema imune, desencadeando toda a resposta vacinal.

Enquanto a imunidade durar, caso a pessoa vacinada tenha contato com o vírus SARS-CoV-2, o organismo será capaz de “lembrar” como neutralizá-lo rapidamente.

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Vacinas usando a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) e sendo aplicadas em larga escala pode ser uma novidade, mas a tecnologia já vem sendo estudada há bastante tempo.

Em laboratório, os cientistas desenvolvem o mRNA sintético, que ensinará ao organismo a fabricar a proteína S do SARS-CoV-2, responsável pela ligação do vírus com as nossas células. Por ser muito instável, o mRNA é recoberto por uma capa de lipídios (tipo de gordura) que o protegerá. É essencial deixar claro que a molécula não contém outra informação, não é capaz de realizar qualquer outra tarefa e não penetra no núcleo de nossas células. Ou seja, não consegue causar a Covid-19 ou qualquer alteração no genoma humano.

Uma vez que a vacina é injetada e capturada pelas células apresentadoras de antígeno, são fabricadas a partir das “instruções” do mRNA as proteínas S do novo coronavírus. Elas, então, são transportadas até a superfície da célula, onde os processos de defesa são desencadeados:

  • os chamados linfócitos T auxiliares detectam a proteína estranha e recrutam os linfócitos B, responsáveis pela produção de anticorpos;
  • os linfócitos B entram em contato com a proteína S da superfície e produzem os anticorpos específicos contra ela, que neutralizarão o novo coronavírus;
  • outras células de defesa chamadas linfócitos T citotóxicos (ou assassinos) reconhecem e destroem diretamente qualquer estrutura que exiba a proteína S em sua superfície.

Esses mecanismos também podem ser ativados depois que a célula que absorveu o mRNA morrer e liberar no organismo a proteína S e seus fragmentos.

Enquanto a imunidade durar, caso a pessoa vacinada tenha contato com o vírus SARS-CoV-2, o organismo será capaz de “lembrar” como neutralizá-lo rapidamente.

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