A doença
Responsável por infecções nos pulmões e ouvidos, por meningite e infecções do sangue (bacteremia e sepsis), a doença pneumocócica é prevenível por vacina. Ela é mais comum no inverno e, frequentemente, se associa à gripe, agravando o quadro. A doença pneumocócica é provocada pela bactéria pneumococo (Streptococcus pneumoniae), causa mais comum de doenças graves em crianças menores de 5 anos.
Muitas vezes se fala de “doença pneumocócica invasiva”. Isso quer dizer que a bactéria invadiu partes do corpo geralmente livres de microrganismos, como a corrente sanguínea (bacteremia) e os tecidos e fluidos que rodeiam o cérebro e medula espinhal (meningite). Quando isso acontece, é geralmente muito grave, provoca hospitalização e até a morte.
A meningite pneumocócica costuma levar à hospitalização e está associada à alta letalidade (30%). Representa risco importante de sequelas neurológicas, como dificuldades para andar e falar, perda auditiva, paralisia cerebral, problemas de fala, epilepsia ou perda de visão. Essas complicações podem demorar alguns meses para aparecer. Lactentes, crianças até 2 anos, idosos e portadores de quadros crônicos ou doenças imunossupressoras são os mais suscetíveis.
Os sintomas iniciais são semelhantes aos de diversas enfermidades, o que torna o diagnóstico difícil. Entre eles estão febre alta, dor de cabeça, importante queda do estado geral, náusea, vômito e aumento da sensibilidade à luz (fotofobia). Há, no entanto, alguns sinais que fortalecem a suspeita de que o quadro é de meningite pneumocócica: rigidez do pescoço e da nuca — que podem não estar presentes, sobretudo em lactentes.
Tratamento
O tratamento com antibióticos e outras medidas de suporte à vida deve ser iniciado o mais rápido possível, assim que houver suspeita da doença, antes mesmo da confirmação laboratorial. Isso porque a doença pneumocócica invasiva é capaz de evoluir rapidamente após o início dos primeiros sintomas.
Epidemiologia
Qualquer pessoa pode ter doença pneumocócica, mas a faixa-etária e certas condições clínicas são os principais fatores de risco para quadros graves e morte: idade inferior a 5 anos (especialmente antes dos 2 anos), idosos e pessoas com doenças como Aids, anemia falciforme, diabetes; asplenia (por retirada cirúrgica do baço ou por doenças que afetam o funcionamento do órgão); enfermidades cardíacas e pulmonares, entre outras. Também são fatores de risco: locais onde há aglomeração de pessoas, pobreza, exposição ao tabaco e infecções respiratórias concomitantes.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença pneumocócica é a maior causa de mortalidade infantil por doença prevenível por vacinas. Em adultos a partir dos 50 anos — principalmente a partir dos 60 anos — e em pessoas com problemas de saúde pré-existentes, a pneumonia pneumocócica também está entre as maiores causas de internação e morte.
O Streptococcus pneumoniae é o agente infeccioso mais comumente associado à pneumonia bacteriana em crianças e adultos. No Brasil, atualmente, também é o principal responsável pelos casos de meningite bacteriana.

Transmissão
Os pneumococos são transmitidos por meio de gotículas de saliva ou secreções expelidas quando os indivíduos infectados tossem, falam ou espirram. Algumas pessoas têm a bactéria na nasofaringe (garganta) sem apresentar qualquer sintoma, mas ainda assim são capazes de disseminá-la. Os portadores mais frequentes são as crianças pequenas.
Prevenção
A forma mais segura e eficiente de prevenir a doença é a vacinação. Existem dois tipos de vacinas (conjugadas e polissacarídica), com indicações e esquema de doses bem precisos. A vacinação de rotina está indicada para as crianças com até 5 anos, adultos a partir dos 60 e pessoas de qualquer idade que tenham algumas doenças crônicas que aumentam o risco para a doença pneumocócica.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece a vacina VPC10 no calendário de vacinação infantil, a partir dos 2 meses de idade, e a vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente (VPP23) para pessoas acima de 60 anos acamadas, institucionalizadas e para a população indígena a partir de 5 anos de idade. Nos CRIEs, a vacina VPC13 e a VPP23 estão disponíveis para pessoas com algumas condições de saúde.
A SBIm recomenda, sempre que possível, o uso da vacina VPC 20 ou VPC15, que permitem proteção mais abrangente, principalmente contra os sorotipos pneumocócicos mais frequentemente associados à doença grave no Brasil hoje.
Para informações sobre os esquemas e recomendações de vacinação, consulte os calendários em https://sbim.org.br/calendario-de-vacinacao
Vacinas disponíveis
- Vacinas pneumocócica conjugadas (VPC10, VPC13, VPC15 e VPC20);
- Vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente (VPP23).
Saiba mais
- https://www.who.int/teams/immunization-vaccines-and-biologicals/policies/position-papers/pneumococcus (último acesso em 04/07/2025)
- https://www.paho.org/en/documents/topics/pneumococcus (último acesso em 04/07/2025)
- https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/m/meningite/situacao-epidemiologica/dados-epidemiologicos/informe-meningite.pdf (último acesso em 04/07/2025)
- Boletim Instituto Adolfo Lutz: https://www.ial.sp.gov.br/ial/publicacoes/boletim. (último acesso em 04/07/2025)