Vacinação de pessoas com câncer ou em uso de drogas imunodepressoras

Por que o cuidado especial?

Pessoas com câncer ou em tratamento com drogas imunossupressoras têm o sistema de defesa do organismo comprometido, o que aumenta a probabilidade de infecções e suas complicações, inclusive morte, muitas delas preveníveis por vacinas. Imunizar essa população é essencial, mas requer avaliação das vulnerabilidades específicas e algumas precauções.

Particularidades para a vacinação

Idealmente, todas as vacinas recomendadas deveriam ser aplicadas antes do início da terapia imunossupressora, seja quimioterapia ou radioterapia, tanto por uma questão de segurança quanto para conseguir melhor eficácia vacinal. Para as vacinas inativadas, é preciso terminar os esquemas ao menos duas semanas antes; para as atenuadas, pelo menos quatro semanas antes (ou no mínimo 15 dias, se o prazo maior for inviável).

A necessidade de combater com agilidade e rapidez o câncer ou outras doenças que precisam ser tratadas com drogas imunossupressoras, no entanto, nem sempre permite respeitar os intervalos recomendados. Se preciso, vacinas inativadas podem ser administradas durante o tratamento com segurança, embora possa haver prejuízo à resposta imunológica, o que pode demandar a revacinação após a interrupção do tratamento e a recuperação do sistema imunológico.

As vacinas vivas atenuadas, por outro lado, não devem ser administradas durante o tratamento imunossupressor pelo risco de o antígeno vacinal, mesmo enfraquecido, causar doença no imunodeprimido. Depois do término do tratamento e da recuperação da função do sistema imune, são recomendadas, mas há restrições (consulte “Outras recomendações”).  

Seja qual for o cenário, a fim de reduzir o risco de transmissão, pessoas em contato domiciliar ou frequente e equipes responsáveis pelo atendimento do paciente imunodeprimido precisam estar com seus calendários em dia, de acordo com as recomendações de rotina e, por vezes, de recomendações específicas de determinadas vacinas, a fim de reduzir o risco de transmissão. Saiba mais nos Calendários de Vacinação SBIm para cada faixa etária e no Calendário Nacional de Vacinação do PNI.

Vacinas especialmente recomendadas

As recomendações a seguir destinam-se às pessoas com câncer ou em uso de drogas imunossupressoras que não têm enfermidades crônicas adicionais. Na presença de outros quadros, consulte os calendários de vacinação específicos para o seu estado clínico, também na seção Vacinação de pacientes especiais

Influenza (gripe)

A vacina influenza quadrivalente (4V) é preferível à vacina influenza trivalente (3V) por proteger contra mais tipos do vírus responsável pela doença. Na impossibilidade de uso da vacina 4V, utilizar a vacina 3V.

Esquema de doses

Onde se vacinar

Vacinas pneumocócicas: conjugadas (VPC10 e VPC13) e polissacarídica (VPP23)

Para a proteção adequada de pessoas com câncer ou em uso de drogas imunossupressoras, recomenda-se o esquema com dois tipos de vacinas pneumocócicas, complementares e não excludentes (esquema sequencial): iniciando preferencialmente com uma vacina conjugada (VPC10 ou VPC13), seguida da vacina polissacarídica (VPP23).

A SBIm recomenda o uso preferencial da VPC13 para ampliar a proteção para três sorotipos adicionais, principalmente em pessoas de alto risco para doença pneumocócica invasiva, como pacientes com câncer ou em tratamento imunossupressor. Nas UBS e nos CRIE, a VPC10 é a vacina utilizada na rotina para crianças menores de 5 anos de idade, incluindo aquelas com comorbidades associadas a imunodepressão. Nos CRIE, a vacina VPC13 está disponível para crianças a partir de 5 anos que não foram vacinadas anteriormente.

Esquema de doses

O esquema depende da idade de início da vacinação:

Nas UBS e nos CRIE

Recomendações da SBIm

A SBIm recomenda, para pacientes com câncer ou imunodeprimidos a vacinação com VPC13 em todas as faixas etárias, mesmo para os que já estão em dia com o calendário da VPC10. O número de doses e o intervalo dependem da idade de início da vacinação:

Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm – Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).

Onde se vacinar

Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.

Haemophilus influenzae b (Hib)

A vacinação contra o Hib faz parte da rotina da população em geral somente para menores de 5 anos de idade, pois a chance de infecção a partir desta faixa-etária passa a ser baixa. No entanto, no caso de pessoas com câncer — crianças mais velhas, adolescentes e adultos — ou em pessoas em uso de drogas imunossupressoras, o risco permanece.

Esquema de doses

O esquema depende da idade de início da vacinação:

Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm – Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).

Onde se vacinar

Meningocócicas conjugadas (MenC ou ACWY)

Sempre que possível, preferir a vacina meningocócica conjugada ACWY, que oferece proteção contra mais tipos de meningococos.

Esquema de doses

O esquema de doses depende da idade de início da vacinação:

Atenção: os CRIE oferecem uma dose de reforço a cada cinco anos com a vacina MenC após o fim do esquema de doses básico para cada faixa etária. A SBIm recomenda na rotina doses de reforços com a vacina MenACWY aos 5, 11 e 16 anos ou com intervalos de 5 anos na infância e adolescência. Além disso, para pessoas com câncer ou em uso de drogas imunossupressoras, reforços a cada cinco anos ao longo de toda a vida, enquanto durar a imunodepressão. Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm – Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).

Onde se vacinar

Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.

Meningocócica B

Existem duas vacinas contra meningococo do sorogrupo B. Uma licenciada para pessoas de 2 meses a 50 anos de idade e outra para pessoas entre 10 e 25 anos de idade.

Esquema de doses

Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm – Pacientes Especiais (aqui).

Onde se vacinar

Hepatite A

Esquema de doses

Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm – Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).

Onde se vacinar

Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.

Hepatite B

Esquema de doses

Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm – Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).

Onde se vacinar

HPV4

Esquema de doses

Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm – Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).

Onde se vacinar

Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.

Herpes-zóster

A vacina herpes-zóster recombinante (VZR) inativada é especialmente recomendada para imunodeprimidos a partir de 18 anos, mesmo para os que já tiveram a doença e/ou foram previamente vacinados com a vacina herpes-zóster atenuada (VZA) antes de entrar em imunodepressão. O intervalo mínimo entre a administração da VZR e da VZA é de dois meses.

Quando possível, administrar a vacina antes do início da quimioterapia, tratamento com imunossupressores, radioterapia ou esplenectomia. Se não for viável, vacinar no melhor momento, evitando o período de maior comprometimento imunológico, pois a proteção conferida pela vacina pode não ser ideal. Em pacientes em uso de anticorpos monoclonais anticélulas B, como rituximab, a vacina deve ser administrada pelo menos quatro semanas antes da próxima dose do medicamento.

Atenção: a vacina atenuada (VZA) é contraindicada para imunodeprimidos.

Esquema de doses

Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm - Pacientes Especiais (aqui).

Onde se vacinar

Outras recomendações

As vacinas abaixo estão recomendadas de rotina, sem restrições. Consulte os calendários de vacinação SBIm para cada faixa etária.

As vacinas abaixo estão contraindicadas em vigência de imunossupressão grave. Recomenda-se administrá-las preferencialmente de três a quatro semanas (mínimo de 15 dias) antes do tratamento imunossupressor ou após a interrupção, respeitando intervalos que variam de acordo com a avaliação individual do paciente e os medicamentos utilizados (saiba mais).

Observação: durante o tratamento, se o grau de imunodepressão for moderado, o(a) médico(a) poderá avaliar a aplicação das vacinas febre amarela, tríplice viral ou tetraviral, a partir de parâmetros clínicos e epidemiológicos (surtos, contato com doentes e viagem, por exemplo).

Vacinacão de contatos domiciliares

A SBIm recomenda que todos os conviventes de pessoas com câncer ou em uso de drogas imunossupressoras devem estar em dia com os  Calendários de vacinação SBIm para cada faixa etária.

Os contatos domiciliares destes pacientes podem receber nos CRIE as seguintes vacinas: