Pessoas com doenças reumatológicas e autoimunes
Por que o cuidado especial?
As doenças autoimunes (DAI) são condições em que o sistema imunológico passa a atacar as células saudáveis do organismo. Estima-se que de 5 a 7% da população mundial — em especial as mulheres — tenham alguma dessas enfermidades, que, juntas, representam a terceira principal causa de adoecimento e mortalidade naturais, atrás apenas do câncer e das doenças cardíacas. Há mais de 80 diferentes DAI descritas. As doenças reumatológicas (DR) constituem a maior parte do grupo.
Infelizmente, essas pessoas podem ser vítimas, muitas vezes fatais, de infecções por vírus ou bactérias. O risco elevado acontece por dois motivos: devido a eventuais alterações causadas pela própria doença de base – alterações que reduzem a capacidade de o organismo se defender ou por conta do tratamento com imunodepressores. Os medicamentos, que melhoram/diminuem os sintomas das DAI ao enfraquecer o sistema imunológico, também aumentam o risco de infecções.
A vacinação é, portanto, fundamental.
Particularidades para a vacinação
- Pessoas sem comprometimento imunológico devem ser vacinadas de acordo com os calendários de vacinação SBIm para cada faixa etária.
- Vacinas aplicadas durante o tratamento com medicações imunodepressoras deverão ser repetidas após a interrupção da terapia e o restabelecimento do sistema imunológico.
- Vacinas vivas atenuadas podem estar contraindicadas enquanto houver imunodepressão.
Vacinas especialmente recomendadas
As recomendações a seguir destinam-se às pessoas com doença reumatológicas e/ou autoimunes imunodeprimidas (pela doença ou tratamento), mas sem outras doenças crônicas. Na presença de outras condições, é importante consultar os calendários de vacinação que contemplam o seu estado clínico, nesta seção – Vacinação de pacientes especiais.
Influenza (gripe)
A vacina influenza quadrivalente (4V) é preferível à vacina influenza trivalente (3V), por proteger contra mais tipos do vírus responsável pela doença. Na impossibilidade de uso da vacina 4V, utilizar a 3V.
Esquema de doses
Para crianças que iniciaram a vacinação entre 6 meses e 8 anos de idade: duas doses, com intervalo de 30 dias, e uma dose anual nos anos seguintes.
A partir dos 9 anos de idade: uma dose anual.
Onde se vacinar
Vacina influenza trivalente (3V): UBS, CRIE e serviços privados de vacinação.
Vacina influenza quadrivalente (4V): serviços privados de vacinação.
Pneumocócicas
Para a proteção adequada de pessoas com doenças reumatológicas e autoimunes, recomenda-se o esquema com dois tipos de vacinas pneumocócicas, complementares e não excludentes: iniciando com uma vacina conjugada, seguida da vacina polissacarídica.
Vacinas pneumocócicas conjugadas (VPC10 e VPC13)
Para menores de 6 anos, usar VPC13 sempre que possível, pois ela previne um número maior de pneumococos. Para maiores de 6 anos e adultos, a única vacina pneumocócica conjugada licenciada e recomendada é a VPC13.
Esquema de doses
- Crianças: ver Calendário de vacinação SBIm criança. Na rede pública são oferecidas, nesses casos, três doses de VPC10, aos 2, 4 e 6 meses, e um reforço entre 12 e 15 meses de idade.
- Crianças entre 12 e 71 meses que não receberam a VPC13, mesmo que adequadamente vacinadas com a VPC10: duas doses de VPC13, com intervalo de dois meses.
- Crianças a partir de 6 anos, adolescentes, adultos e idosos não vacinados com VPC13: uma dose de VPC13.
Para pessoas que já receberam a VPP23, mas ainda não foram vacinadas com a VPC13, recomenda-se um intervalo de 12 meses para a aplicação da VPC13.
Onde se vacinar
VPC10: CRIE, para menores de 5 anos.
VPC13: serviços privados de vacinação, para todas as idades.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado o envio da vacina.
Vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente (VPP23)
A partir dos 2 anos de idade: duas doses com intervalo de cinco anos entre elas.
Preferencialmente, iniciar esquema com a vacina conjugada (VPC10 ou VPC13), seguida pela aplicação da vacina VPP23 dois meses depois.
Se a segunda dose de VPP23 foi aplicada antes de 60 anos de idade, uma terceira dose está recomendada após essa idade, com intervalo mínimo de cinco anos em relação à última dose.
Onde se vacinar
CRIE: duas doses.
Serviços privados de vacinação: inclusive terceira dose para quem foi vacinado antes dos 60 anos.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado o envio da vacina.
Haemophilus influenzae b (Hib)
- Crianças menores de 1 ano: iniciar aos dois meses de idade.
- Se o início for entre 2 e 6 meses de idade, três doses com dois meses de intervalo e um reforço entre 15 e 18 meses de idade.
- Se o início for entre 7 e 11 meses de idade, duas doses com dois meses de intervalo e um reforço entre 15 e 18 meses de idade.
- Pessoas vacinadas na infância, mas que não receberam dose de reforço após os 12 meses de idade: uma dose. Se imunodeprimidas, duas doses com intervalo de dois meses entre elas.
- Crianças maiores de 1 ano e adolescentes não vacinados anteriormente: duas doses com intervalo de dois meses entre elas.
Onde se vacinar
CRIE e serviços privados de vacinação.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado o envio da vacina.
Meningocócicas conjugadas (MenC ou ACWY)
Sempre que possível, preferir a vacina meningocócica conjugada ACWY, pois ela oferece proteção contra mais tipos de meningococos.
Esquema de doses
- Crianças e adolescentes: ver calendários de vacinação SBIm para cada faixa etária.
- Crianças entre 1 e 2 anos: uma ou duas doses (com intervalo de dois meses), a depender do fabricante da vacina.
Crianças maiores de 2 anos, adolescentes e adultos não vacinados, se imunodeprimidos: duas doses com intervalo de dois meses.
Atenção: após o fim do esquema básico de doses para cada faixa etária, uma dose de reforço deve ser aplicada a cada cinco anos.
Onde se vacinar
MenC: CRIE e serviços privados de vacinação.
ACWY: Serviços privados de vacinação.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado o envio da vacina.
Meningocócica B
Esquema de doses
- Crianças e adolescentes: ver calendários de vacinação SBIm para cada faixa etária.
- Adultos: duas doses com intervalo de um a dois meses.
Onde se vacinar
Serviços privados de vacinação.
Hepatite A
Esquema de doses
Crianças: duas doses a partir de 1 ano de idade, com intervalo de seis meses.
Adolescentes e adultos não vacinados anteriormente: duas doses, com intervalo de seis meses.
Onde se vacinar
CRIE e serviços privados de vacinação.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado o envio da vacina.
Hepatite B
Esquema de doses
Quatro doses, com intervalos de um mês entre a primeira e a segunda; um mês entre a segunda e a terceira; e seis meses entre a primeira e a quarta (esquema 0 - 1 - 2 - 6 meses). O volume deve ser o dobro do recomendado para a faixa etária.
É necessário realizar controle sorológico um a dois meses após a última dose, para avaliar se a resposta foi satisfatória e a pessoa está de fato protegida.
Onde se vacinar
CRIE e serviços privados de vacinação.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado o envio da vacina.
HPV
Esquema de doses
Três doses a partir dos 9 anos, com intervalos de um a dois meses entre a primeira e a segunda; e de seis meses entre a primeira e a terceira. O esquema de três doses é obrigatório, inclusive para menores de 15 anos.
Onde se vacinar
HPV4
- CRIE para pessoas de 9 a 26 anos de ambos os sexos.
- Serviços privados de vacinação.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado o envio da vacina.
Pólio inativada
A vacina pólio inativada deve ser usada em todas as doses do esquema vacinal, uma vez que a vacina pólio oral é contraindicada para pessoas com doenças autoimunes.
Esquema de doses
Ver calendários de vacinação SBIm para cada faixa etária.
Onde se vacinar
- UBS (três primeiras doses) e CRIE.
- Serviços privados de vacinação: como parte de vacinas combinadas dTpa-VIP, penta acelular e hexa.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado o envio da vacina.
Outras recomendações
As vacinas abaixo estão recomendadas de rotina, sem restrições. Para esquema de doses e disponibilidade, ver calendários de vacinação SBIm para cada faixa etária.
- Tríplice bacteriana (DTPw ou DTPa) e suas combinações (combinadas à DTPa e tríplice bacteriana de células inteiras com Hib e hepatite B)
- Tríplice bacteriana do tipo adulto (dTpa) e tríplice bacteriana do tipo adulto com poliomielite (dTpa-VIP)
- Dupla bacteriana do tipo adulto (dT)
As vacinas abaixo estão recomendadas de rotina, com restrições. Ver calendários de vacinação SBIm para cada faixa etária (ver “Precauções e contraindicações”).
- BCG
- Rotavírus
- Tríplice viral (sarampo, caxumba, rubéola)
- Tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola, varicela)
- Varicela
- Febre amarela
- Dengue
- Herpes zóster
Precauções e contraindicações
- Em vigência de imunodepressão, estão contraindicadas as vacinas vivas atenuadas: BCG, pólio oral (VOP), febre amarela, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), varicela, tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela), herpes zóster e dengue.
- Se o paciente estiver moderadamente imunodeprimido, o médico deverá avaliar parâmetros clínicos e o risco epidemiológico (surtos, contato com doente, viagem) para tomada de decisão em relação à recomendação das vacinas febre amarela, tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela), varicela e herpes zóster.
- Vacinação de bebês cujas mães fizeram uso de drogas imunodepressoras durante a gestação: a vacina rotavírus está contraindicada e a vacina BCG deve ser postergada para entre o sexto e o oitavo mês de vida.
Para informações sobre disponibilidade e esquemas de doses, consultar calendários de vacinação SBIm para cada faixa etária.
Vacinação de contatos domiciliares
É altamente recomendada e deve seguir os calendários de vacinação para cada faixa etária.
Os CRIE disponibilizam para contatos domiciliares de pacientes imunodeprimidos:
- Vacina influenza inativada anualmente.
- Vacina varicela nos suscetíveis a partir de 12 meses, em esquema de duas doses, independentemente da idade.
- Vacina pólio inativada em substituição à vacina poliomielite oral, quando recomendada nos calendários.
- Vacinas tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) ou tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) nos suscetíveis acima de 12 meses, duas doses, independentemente da idade.