Pessoas com doençaa renal crônica
Por que o cuidado especial?
A doença renal crônica (DRC) prejudica gradativamente as defesas do organismo. Com a evolução do quadro, a pessoa pode ficar cada vez mais suscetível a infecções e suas complicações. Dessa forma, a vacinação é extremamente importante e deve ser iniciada o quanto antes, sobretudo quando há indicação de transplante e/ou terapia imunodepressora.
Confira alguns dados:
- Influenza (gripe)
- No Brasil, cerca de 70% das mortes por influenza (gripe) ocorrem em indivíduos que fazem parte dos grupos de risco. Desses, cerca de 10% têm doença renal crônica.
- Pneumonia pneumocócica
- Causadas pela bactéria pneumococo, a pneumonia e as doenças pneumocócicas invasivas (infecção generalizada/septicemia) – formas mais graves da infecção e que costumam levar à hospitalização ou à morte – são fontes de importante preocupação para pessoas com DRC, principalmente para aquelas com a doença em fase avançada ou que fazem uso de medicamentos imunossupressores.
- Hepatite B
- Indivíduos em hemodiálise apresentam elevado risco de infecão pelo vírus da hepatite B. Recomenda-se a vacinação contra a hepatite B para todos os pacientes renais crônicos, de preferência antes de se tornarem dependentes de diálise. Nos que estão em hemodiálise, é fundamental fazer controle sorológico anual e aplicar doses de reforço quando os níveis de anticorpos estiverem abaixo do considerado protetor.
Vacinas especialmente recomendadas
As recomendações a seguir destinam-se às pessoas com doença renal crônica sem imunodepressão ou outras doenças crônicas. Na presença de condições adicionais, principalmente as associadas à imunodepressão, ou caso seja candidato a transplante ou transplantado, consulte os calendários de vacinação para o seu estado clínico, também na seção Vacinação de pacientes especiais.
Influenza (gripe)
A vacina influenza quadrivalente (4V) é preferível à vacina influenza trivalente (3V) por proteger contra mais tipos do vírus responsável pela doença. Na impossibilidade de uso da vacina 4V, utilizar a vacina 3V.
Esquema de doses
- Para crianças que iniciam a vacinação entre 6 meses e 8 anos de idade: duas doses com intervalo de 30 dias e uma dose anual nos anos seguintes;
- A partir de 9 anos: uma dose anual;
- Observações:
- Devido à resposta imunológica inferior e menos duradora conferida pelas vacinas influenza a idosos e pacientes imunodeprimidos, a administração de uma dose extra a partir de três meses após a dose anual pode ser considerada em situação epidemiológica de risco;
- Para pacientes a partir de 60 anos, avaliar a utilização da vacina influenza quadrivalente com mais altas doses de antígenos (“high dose” - 4VHD), que permite maior proteção.
Onde se vacinar
- Vacina influenza trivalente (3V): UBS, CRIE e serviços privados de vacinação;
- Vacina influenza quadrivalente (4V): serviços privados de vacinação;
- Vacina influenza quadrivalente “high dose” (4VHD): serviços privados de vacinação.
Vacinas pneumocócicas: conjugadas (VPC10 e VPC13) e polissacarídica (VPP23)
Para a proteção adequada de pessoas com doença renal crônica, recomenda-se o esquema com dois tipos de vacinas pneumocócicas, complementares e não excludentes (esquema sequencial): iniciando preferencialmente com uma vacina conjugada (VPC10 ou VPC13), seguida da vacina polissacarídica (VPP23).
A SBIm recomenda o uso preferencial da VPC13 para ampliar a proteção para três sorotipos adicionais, principalmente em pessoas de alto risco para doença pneumocócica invasiva, como nefropatas. Nas UBS e nos CRIE, a VPC10 é vacina utilizada na rotina para crianças até antes de completar 5 anos de idade, incluindo aquelas com comorbidades. Nos CRIE, a vacina VPC13 está disponível apenas para transplantados.
Esquema de doses
O esquema depende da idade de início da vacinação.
Nas UBS e nos CRIE:
- Até completar 6 meses: três doses de VPC10, com intervalo de dois meses, e reforço no segundo ano de vida (esquema 3 + 1). As duas primeiras doses são oferecidas nas UBS, aos 2 e 4 meses, e a terceira nos CRIE, aos 6 meses, podendo ser feita até 11 meses e 29 dias. Uma dose de VPP23 deve ser administrada a partir dos 2 anos e uma segunda dose cinco anos após a primeira;
- Entre 7 e 11 meses: duas doses de VPC10, com intervalo de dois meses e reforço no segundo ano de vida (esquema 2 + 1). Uma dose de VPP23 a partir dos 2 anos e uma segunda dose cinco anos depois;
- Entre 12 e 23 meses: duas doses de VPC10, com intervalo de dois meses, e uma dose de VPP23 dois meses depois. Uma segunda dose de VPP23 deve ser administrada cinco anos após a primeira;
- Entre 2 e 4 anos de idade: uma dose de VPC10 e uma dose de VPP23 depois. Uma segunda dose de VPP23 deve ser administrada cinco anos após a primeira.
Recomendações da SBIm
A SBIm recomenda para pacientes com doença renal crônica a vacinação com VPC13 em todas as faixas etárias, mesmo para os que já estão em dia com o calendário da VPC10. O esquema depende da idade de início da vacinação:
- Até 6 meses: três doses de VPC13, com intervalo de dois meses, e reforço no segundo ano de vida (esquema 3 + 1). Uma dose de VPP23 a partir dos 2 anos e uma segunda dose cinco depois;
- Entre 7 e 11 meses: duas doses de VPC13, com intervalo de dois meses, e reforço no segundo ano de vida (esquema 2 + 1). Uma dose de VPP23 a partir dos 2 anos e uma segunda dose cinco anos depois;
- Entre 12 e 23 meses: duas doses de VPC13, com intervalo de dois meses, e uma dose de VPP23 dois meses depois. Uma segunda dose de VPP23 deve ser administrada cinco anos após a primeira;
- A partir de 2 anos de idade não vacinados anteriormente: uma dose de VPC13 e uma dose de VPP23 dois meses depois. Uma segunda dose de VPP23 deve ser administrada cinco anos após a primeira;
- A partir de 2 anos de idade já vacinados anteriormente com vacinas conjugadas (VPC10 ou VPC13): respeitar intervalo mínimo de dois meses em relação à última dose da vacina conjugada a aplicar a VPP23. Uma segunda dose deve ser administrada cinco anos após a primeira;
- Uma terceira dose de VPP23 é recomendada para pessoas a partir de 60 anos que tenham recebido a segunda dose antes desta idade;
- Observação: Aqueles que iniciaram esquema com a VPP23 devem receber uma dose de VPC13, 12 meses após a VPP23.
Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm - Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).
Onde se vacinar
- VPC10:
- UBS e/ou CRIE: para menores de 5 anos de idade. As UBS oferecem duas doses da vacina. Caso o esquema recomendado seja de três doses, a terceira deverá ser recebida nos CRIE;
- VPC13:
- CRIE: para transplantados maiores de 5 anos de idade não vacinados anteriormente com a VPC10;
- Serviços privados de vacinação.
- VPP23:
- CRIE: duas doses;
- Serviços privados de vacinação.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.
Hepatite B
Recomenda-se a vacinação contra hepatite B para todos os pacientes renais crônicos, de preferência antes de se tornarem dependentes de diálise.
Esquema de doses
- Quatro doses, com intervalos de um mês entre a primeira e a segunda; um mês entre a segunda e a terceira; e seis meses entre a primeira e a quarta (esquema 0 - 1 - 2 - 6 meses). O volume da dose deve ser o dobro do recomendado para a faixa etária;
- É necessário realizar exame Anti-HBs um a dois meses após a última dose, para avaliar se a resposta foi satisfatória e a pessoa de fato protegida. Considera-se imunizado quando o Anti-HBs é igual ou superior a 10 mUI/mL. Se o resultado do anti-HBs for inferior a 10 mUI/mL, repetir o esquema vacinal de quatro doses com volume dobrado uma única vez.
- Em caso de hemodiálise, o exame anti-HBs deve ser repetido anualmente. Sempre que o resultado for inferior a 10 mUI/mL, será necessária uma dose de reforço.
Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm - Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).
Onde se vacinar
- CRIE e serviços privados de vacinação;
- Atenção: a vacina está disponível nas UBS, entretanto, deverá ser aplicada em esquema diferenciado para imunossuprimidos (quatro doses com volume dobrado) sob risco de resposta vacinal inferior ou até ausente.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.
Hepatite A
Esquema de doses
- Crianças a partir de 1 ano de idade: duas doses, idealmente aos 12 e 18 meses de idade, ou em qualquer momento depois, respeitando o intervalo mínimo de seis meses entre as doses;
- Adolescentes e adultos não vacinados anteriormente: duas doses, com intervalo de seis meses.
Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm - Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).
Onde se vacinar
- UBS e/ou CRIE: A primeira dose está disponível nas UBS para menores de 5 anos. A segunda dose e a vacinação de pessoas mais velhas são feitas nos CRIE;
- Serviços privados de vacinação.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.
Outras recomendações
As vacinas abaixo estão recomendadas de rotina. Para esquema de doses e onde se vacinar, consulte os calendários de vacinação SBIm para cada faixa etária.
- BCG
- Poliomielite (VIP ou VOP)
- Rotavírus
- Haemophilus influenzae b (Hib)
- SCR e SCRV
- Varicela
- Tríplice bacteriana (DTPw ou DTPa) e suas combinações (combinadas à DTPa e tríplice bacteriana de células inteiras com Hib e hepatite B)
- Tríplice bacteriana do tipo adulto (dTpa) ou com poliomielite (dTpa-VIP)
- Dupla bacteriana do tipo adulto (dT)
- Meningocócicas conjugadas (MenC ou ACWY)
- Meningocócica B
- HPV4
- Herpes-zóster recombinante (VZR) inativada ou herpes-zóster atenuada
- Dengue
Importante: na presença de imunodepressão, as vacinas atenuadas BCG, poliomielite oral, rotavírus, tríplice viral (sarampo, caxumba, rubéola), tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola, varicela), varicela, febre amarela, herpes zóster e dengue estão contraindicadas.
Em caso de transplante renal, ver Calendário de vacinação SBIm para candidatos a transplante de órgãos sólidos ou transplantados.
Vacinação de contatos domiciliares
A SBIm recomenda que todos os contatos domiciliares de pessoas com doenças crônicas do rim estejam em dia com os calendários de vacinação SBIm para cada faixa etária.