- 1) O que é meningite?
- É a inflamação das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal.
- 2) O que pode causar meningite?
- Diversos agentes. Os mais comuns são os vírus, em geral menos graves e contra os quais não existe vacina. Já as bactérias costumam ser mais severas. Felizmente, os principais tipos de meningite bacteriana podem ser prevenidos pela vacinação, recomendada especialmente para crianças e adolescentes.
- 3) Quais as principais bactérias que causam meningite?
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- Meningococo (Neisseria meningitidis): Pode causar febre alta e repentina, dor de cabeça intensa, rigidez do pescoço, vômitos e, algumas vezes, sensibilidade à luz (fotofobia) e confusão mental. De evolução rápida, mata um a cada cinco infectados ou, quando atinge a corrente sanguínea (meningococcemia), sete a cada dez. Também pode acarretar cegueira, surdez, problemas neurológicos e amputação de membros. Os tipos A, B, C, W e Y são os mais comuns no mundo.
- Pneumococo (Streptococcus pneumoniae): Agente infeccioso responsável por 15% das mortes de crianças menores de 5 anos e importante causa de mortes e complicações em idosos, acomete geralmente o sistema respiratório, mas pode afetar as meninges (meningite) e o sangue (bacteremia). Tais quadros, chamados de Doença Pneumocócica Invasiva (DPI), são semelhantes aos causados pelo meningococo. A letalidade da meningite pneumocócica, contudo, é maior que a da meningocócica: 30%.
- Haemophillus Influenzae b (Hib): Pode entrar na corrente sanguínea e disseminar-se pelo organismo, causando meningite, pneumonia, inflamação da garganta, artrite, infecção da membrana que recobre o coração, infecção dos ossos, entre outros. No final dos anos 1980, era a principal causa de meningite bacteriana entre menores de cinco anos, acometendo uma em cada 200 crianças. Das que adoeciam, 25% sofriam danos cerebrais permanentes. Graças à vacinação, é pouco comum no país atualmente, mas pode voltar se as coberturas vacinais caírem.
- Mycobacterium tuberculosis (bacilo de koch): A bactéria responsável pela tuberculose por vezes se instala em órgãos além do pulmão, como as meninges. Diferentemente das meningites meningocócica e pneumocócica, a meningite tuberculosa evolui de forma lenta, o que contribui para os pacientes serem diagnosticados em estágio avançado. O risco de meningite tuberculosa é maior em crianças pequenas e em pacientes imunodeprimidos. É considerada altamente letal.
- 4) Quais vacinas previnem a meningite?
- Vacinas combinadas à tríplice bacteriana (penta e hexa, e penta de células inteiras): Exclusivas para crianças menores de 7 anos, protegem da meningite por Haemophilus influenzae be de outras doenças. São recomendadas na rotina a partir dos 2 meses de idade. As formulações acelulares são elaboradas a partir de partículas da bactéria da coqueluche, ao passo que a de células inteiras é feita com a bactéria inteira.
- Vacinas pneumocócicas conjugadas (VPC10 e VPC13): Protegem da meningite pneumocócica — a segunda forma mais comum de meningite bacteriana no Brasil — e de outras formas de infecção invasiva por pneumococos. A VPC 10 e a VPC13 são recomendadas para crianças a partir dos 2 meses. A VPC 13 também é indicada para portadores de algumas doenças crônicas que aumentam a suscetibilidade à infecção pneumocócica, independentemente da idade.
- Vacinas meningocócica C conjugada, meningocócica conjugada ACWYe meningocócica B: Protegem da doença meningocócica causada pelos principais sorogrupos de meningococos. São recomendadas na rotina de vacinação infantil a partir dos 3 meses e para portadoras de algumas doenças crônicas, independentemente da idade.
- Vacina Hib (Haemophilus influenzae b): Protege da meningite por Hib, hoje muito rara no Brasil graças à vacinação. Está incluída nas vacinas combinadas hexa e penta da rotina infantil, mas também pode ser encontrada em apresentação isolada para atualização de vacinação de pacientes que têm alguma doença que aumente o risco de infecção por Hib.
- Vacina BCG: Previne as formas graves de tuberculose, como a meningite tuberculosa e a tuberculose miliar (generalizada).
As Unidades Básicas de Saúde (SUS) disponibilizam as vacinas penta de células inteiras, Hib, VPC10 e as meningocócicas conjugadas C e ACWY. Nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), pessoas com alguma condição que aumente a suscetibilidade às bactérias podem obter a VPC13. Caso não tenham se vacinado enquanto estavam na faixa etária contemplada pelo calendário de rotina do Programa Nacional de Imunizações (PNI), também podem receber a Hib e a meningocócica conjugada C.
- Confira mais detalhes nos calendários de vacinação da SBIm.
- 5) Quais são as meningites bacterianas mais comuns no Brasil?
- Se consideradas todas as faixas etárias, as meningocócicas, em especial a C. Quando a vacina passou a ser oferecida gratuitamente para menores de 5 anos, em 2010, esse tipo respondia por mais de 80% dos casos no país. Desde então, conseguimos resultados relevantes: o número de casos de meningite meningocócica em menores de 2 anos caiu 70%, e a participação do tipo C no total de casos de doença meningocócica passou a ser de 59% — a grande maioria em pessoas acima de 5 anos. Por isso, o Ministério da Saúde decidiu estender a vacinação para adolescentes de 11 a 14 anos.
- Com a redução do tipo C, proporcionalmente o B passou a prevalecer em algumas faixas etárias nas quais era o segundo mais frequente. Entre menores de 5 anos, por exemplo, tipo já é responsável por 60% dos casos. Outro meningococo que demanda bastante atenção é o W, que vem ganhando força na América Latina e em outras localidades. No Chile, causou um importante surto e substituiu o C, que lá preponderava; na Argentina, é causa de mais de 50% dos casos de meningite meningocócica. No Brasil, apesar de menos frequente, está crescendo: é responsável por 43% dos casos em Santa Catarina.
- A segunda meningite bacteriana mais frequente no Brasil é a pneumocócica. Existem mais de 90 sorotipos de pneumococos, mas as vacinas são capazes de prevenir os responsáveis pela imensa maioria dos casos de doença pneumocócica grave, incluindo meningite.
- 6) Soube de um caso de meningite. Devo correr para vacinar meus filhos?
- O período de incubação da meningite meningocócica é muito curto, portanto não há tempo suficiente para a vacina proteger após a exposição. Além disso, não há como saber rapidamente a bactéria e o tipo em questão. Muitas vezes sequer é possível chegar a essa resposta. De toda maneira, no caso de contato direto com pessoa comprovadamente infectada, as autoridades médicas vão orientar sobre os cuidados a serem adotados.
- Infelizmente, casos de meningite bacteriana são registrados no Brasil o ano inteiro, razão pela qual as vacinas são recomendadas nos calendários de rotina do Ministério da Saúde, da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Mesmo que o episódio seja noticiado pela mídia, não significa que haja surto. São infecções que acontecem e temos vacinas para evitá-las.
- 7) As vacinas contra meningites precisam de reforços ao longo da vida?
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- Vacinas meningocócicas conjugadas C ou ACWY: A proteção conferida por ambas as vacinas não é permanente. Por esse motivo, após o esquema primário no primeiro ano de vida, a SBIm e a SBP recomendam reforços aos 12 meses, entre os 5 e 6 anos e aos 11 anos de idade. Os adolescentes que não se vacinaram na infância devem receber duas doses, com intervalo de cinco anos entre elas.
- Vacina meningocócica B: Para indivíduos imunocompetentes, ainda não existe ainda recomendação de doses de reforço após esquema primário. Mas grupos de alto risco — como pessoas vivendo com HIV, portadores de asplenia anatômica ou funcional, que tenham deficiência de complemento ou em uso de eculizumabe ou outros medicamentos biológicos que interferem na via do complemento — devem tomar um reforço três anos após completar o esquema (ou a cada três anos, a depender da situação).
- Vacinas pneumocócicas: Não há recomendação de reforço após o esquema primário para as vacinas VPC10 e VPC13. De acordo com o calendário de vacinação infantil da SBim, crianças que receberam VPC10 se beneficiam ampliando a proteção com dose(s) suplementares da VPC13.
- Vacina Hib: A SBIm recomenda uma dose de reforço da Hib após 1 ano de idade, independente do uso de vacina acelular ou de células inteiras durante o primeiro ano de vida, o que não está contemplado no calendário do PNI.
- Vacina BCG: Indicada em dose única do nascimento até os 5 anos de idade. Não é recomendado reforço ou revacinação na ausência da reação esperada (cicatriz) após a vacinação.
- 8) Adultos devem se vacinar?
- Os casos de meningite meningocócica em adultos são pouco comuns, por isso a vacinação de indivíduos saudáveis deve ser considerada somente em situações de risco: surtos na comunidade e viagens para locais onde há risco de transmissão, por exemplo. Algumas pessoas, no entanto, têm condições de saúde que as tornam altamente suscetíveis à doença. É o caso daquelas que vivem com HIV/Aids, com asplenia (ausência ou mal funcionamento do baço), das que fazem uso de medicamentos ou tratamentos imunossupressores, entre outros. Para esses grupos, as vacinas meningocócicas são recomendadas com esquemas que podem ser diferentes, dependendo do quadro.
- As vacinas pneumocócicas são recomendadas para indivíduos de qualquer idade que tenham condições especiais de saúde e, como rotina, a partir de 60 anos de idade. A Hib é indicada apenas para adultos e adolescentes não vacinados que tenham algumas doenças crônicas ou que façam tratamentos que aumentem o risco de infecção. Já a BCG não é recomendada.
- 9) Médicos precisam se vacinar contra a meningite?
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Não há evidência de que médicos e outros profissionais da saúde, de forma geral, tenham risco aumentado para a doença meningocócica, motivo pelo qual a vacinação não é recomendada como rotina.
Entretanto, profissionais de saúde que trabalham em laboratórios que manipulam a bactéria Naisseria meningitides devem ser vacinados pelo risco associado à exposição a esse agente infeccioso. A vacinação também deve ser considerada para profissionais de saúde que viajam para exercer ajuda humanitária ou se expõem com frequência a situações de catástrofes.
Não há indicação ocupacional para as vacinas pneumocócicas e Hib.
As vacinas combinadas penta ou hexa não podem ser aplicadas em adultos.
- Acesse o calendário do profissional da saúde.
Saiba mais:
- Doença meningocócica
- Doença pneumocócica
- Haemophilus influenzae tipo b – Hib
- Tuberculose
- Vacina BCG
- Vacina Haemophilus influenzae tipo b – Hib
- Vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente – VPP23
- Vacina meningocócica C conjugada
- Vacina meningocócica conjugada quadrivalente — ACWY
- Vacina meningocócica B
- Vacinas pneumocócicas conjugadas
- Vacina tríplice bacteriana de células inteiras combinada com Hib e hepatite B (DTPw)
- Vacinas combinadas à DTPa