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XXVI Jornada Nacional de Imunizações reúne 1.600 pessoas no Recife

Uma das cidades mais bonitas e culturalmente ricas do país, Recife sedia, entre 18 e 20 de setembro, a XXVI Jornada Nacional de Imunizações — maior evento do mundo sobre o tema.  Ao longo dos três dias de encontro, os cerca de 1.600 inscritos poderão acompanhar 70 sessões científicas, ministradas por 155 palestrantes.

A programação abordará tópicos de grande interesse para a saúde pública. Entre os destaques estão as discussões a respeito de arboviroses, vacinas em desenvolvimento, estoques de vacinas, risco de retorno de doenças controladas/eliminadas, infecções respiratórias e combate às fake news.

A mudança climática e as tragédias ambientais também estão em pauta. Nas aulas, serão debatidos o impacto do cenário na epidemiologia de doenças imunopreveníveis e compartilhadas as experiências de profissionais que lidaram diretamente com a seca amazônica e com as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no primeiro semestre.

Além das atrações tradicionais, nesta haverá pela primeira vez um curso pós-jornada, voltado a residentes e estudantes de graduação de enfermagem, medicina e farmácia. O objetivo da atividade, marcada para 21 de setembro, é fortalecer o ensino sobre imunizações na formação acadêmica. O curso é aberto para não inscritos na Jornada, mediante investimento de R$ 50,00.  

Cerimônia de abertura

A presidente da SBIm, Mônica Levi, explicou que o tema esta edição, “Vacinação: uma vitória de todos”, é uma referência à atual tendência de retomada das coberturas vacinais, capitaneado pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) a partir de 2023, após um período no qual a ciência deixou de ser prioridade na agenda política. Entre os avanços, está a saída do Brasil da lista dos 20 países com mais crianças não vacinadas — em 2021, o país era o sétimo.

“O resultado é mérito do esforço de muita gente. Parabenizo a todos. Mas ainda temos um longo caminho pela frente, com muitos obstáculos, como a onda de negacionismo e desinformação que fragiliza a confiança da nossa população sobre a segurança e a importância das vacinas, gerando hesitação e recusa”, alertou.

Emocionada, Levi disse não ter palavras para expressar a gratidão aos profissionais, instituições públicas, sociedades médicas e sociedade civil organizada, que têm, ao longo dos anos, ajudado a SBIm a compartilhar informações, difundir as boas práticas e promover as vacinas como ferramenta fundamental para a proteção coletiva e individual. Uma semana antes, a Sociedade recebeu a Medalha do Mérito Oswaldo Cruz, concedida a pessoas ou entidades que tenham contribuído de forma notável para a saúde pública brasileira. “Foi uma honra, resumiu”.  

O diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI), Eder Gatti, afirmou que era uma satisfação enorme participar da Jornada: “Primeiro, pela relação que temos com a SBIm, nossa parceira e referência. Uma instituição que luta pela vida. Depois, porque é uma ótima oportunidade para aprendermos e termos um contato mais próximo com diversas pessoas importantes para o PNI”.

A exemplo da presidente da SBIm, ele celebrou as recentes conquistas das políticas de vacinação e reforçou que ainda há muito a evoluir.  “Ainda não atingimos indicadores e há doenças imunopreveníveis em circulação. Precisamos, entre outras ações, melhorar nossos sistemas de informação, rever a política de acesso a imunobiológicos especiais e reestruturar a rede de frio”, enumerou. “E vamos conseguir, com o apoio de todos vocês”, completou.

Por fim, Gatti aproveitou para fazer um longo agradecimento aos inúmeros atores envolvidos no novo momento da vacinação no Brasil. “É uma conquista que compartilhamos com todos que trabalham nos níveis estaduais e municipais, as equipes das salas de vacinas — que fazem a imunização acontecer —, laboratórios públicos e privados parceiros do PNI, universidades científicas e sociedade civil organizada. Também aproveito para agradecer ao povo de Pernambuco, por nos ceder a Ana Catarina de Melo Araújo, nossa coordenadora-geral de Incorporação Científica e Imunização”, enumerou.

Eduardo Jorge da Fonseca Lima, representante da SBIm em Pernambuco e presidente da Jornada, declarou que estava muito feliz com o fato de a Jornada acontecer pela primeira vez no Recife, sua cidade natal. Ele saudou a comissão científica do evento, que construiu uma programação ampla sobre distintas questões presentes no cotidiano das imunizações, e elogiou a SBIm como um todo.

“Saliento que a SBIm é unida no objetivo de proporcionar uma cultura de prevenção das doenças por vacinas em todas as idades. Os inúmeros cursos, jornadas e documentos produzidos pela sociedade nos permitem afirmar, com segurança, que temos uma sociedade que nos representa e nos congrega em torno deste objetivo”, avaliou.

Eduardo Jorge também exaltou a força do Sistema Único de Saúde (SUS), que, mesmo diante de todas as resistências e dos desafios inerentes à pandemia, conseguiu vacinar milhões de brasileiros no menor tempo possível. “Em 2019, o mundo foi surpreendido por uma assustadora pandemia que causou mais de 7 milhões de mortes. Todo esse sofrimento teve um alívio, com o desenvolvimento das vacinas covid-19 e a vacinação”, constatou.

Além disso, ele fez um apelo para que os profissionais defendam incondicionalmente as vacinas dos ataques dos agentes que têm tentado descredibilizá-las. “É preciso manter a polidez do discurso e das ações, mas não devemos ter receio de amparar os mais vulneráveis com a força do nosso trabalho e não podemos ser omissos diante de políticas de saúde e de posicionamentos de entidades equivocadas e prejudiciais. A luta permanece diária”, exclamou.

Completaram a mesa de abertura Socorro Gross Galiano, representante da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Brasil; Zilda do Rego Cavalcante, secretária de Saúde de Pernambuco; Josias Neves Ribeiro, conselheiro suplente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Isabella Ballalai, diretora da SBIm e presidente da Comissão Científica da Jornada; e Gerson da Costa Filho, oficial de Saúde do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Brasil. A conferência de abertura foi ministrada pelo diretor-geral da OPAS, Jarbas Barbosa. Durante a cerimônia, a SBIm e a OPAS firmaram um termo de cooperação.