A doença
Segunda meningite mais frequente no Brasil, a meningite pneumocócica é fruto da infecção pelo Streptococcus pneumoniae (ou pneumococo), o mesmo agente que causa pneumonia. Essa doença invasiva acontece quando a bactéria, alojada originalmente na nasofaringe, é transportada pela corrente sanguínea e “invade” as meninges — membranas que recobrem o cérebro e a medula espinhal —, gerando inflamação.
A meningite pneumocócica costuma levar à hospitalização e está associada à alta letalidade (30%). Representa risco importante de sequelas neurológicas, como dificuldades para andar e falar, perda auditiva, paralisia cerebral, problemas de fala, epilepsia ou perda de visão. Essas complicações podem demorar alguns meses para aparecer. Lactentes (crianças até 2 anos), idosos e portadores de quadros crônicos ou doenças imunossupressoras são os mais suscetíveis.
Os sintomas iniciais são semelhantes aos de diversas enfermidades, o que torna o diagnóstico difícil. Entre eles estão febre alta, dor de cabeça, importante queda do estado geral, náusea, vômito e aumento da sensibilidade à luz (fotofobia). Há, no entanto, alguns sinais que fortalecem a suspeita de que o quadro é de meningite pneumocócica: rigidez do pescoço e da nuca — que podem não estar presentes, sobretudo em lactentes — e petéquias (manchas marrom-arroxeadas provenientes de pequenos sangramentos dos vasos da pele).
O tratamento com antibióticos deve ser iniciado assim que houver suspeita, o mais rápido possível, antes mesmo da confirmação laboratorial. Isso porque a doença é capaz de evoluir rapidamente e pode matar poucas horas após o início dos primeiros sintomas.
Felizmente, há vacinas capazes de prevenir os sorotipos de pneumococos que causam a meningite e a pneumococcemia (infecção generalizada).
Transmissão
Os pneumococos são transmitidos por meio de gotículas de saliva ou muco expelidos quando os indivíduos infectados tossem, falam ou espirram. Algumas pessoas têm a bactéria na nasofaringe (região entre a boca e a garganta) sem apresentar qualquer sintoma, mas ainda assim são capazes de disseminá-la. Os portadores mais frequentes são as crianças pequenas.
Epidemiologia
De acordo com o Ministério da Saúde, houve 1.030 casos e 321 mortes por meningite pneumocócica no Brasil em 2017. Em 2018, foram 934 e 282, respectivamente.
Prevenção
A melhor forma de evitar a meningite pneumocócica é a vacinação, indicada na rotina para crianças já no primeiro ano de vida. Pessoas com algumas condições como implante coclear, anemia falciforme, falta de baço, imunodepressão, câncer ou transplante de órgão, entre outras, também devem se vacinar, pois têm mais risco desenvolver doença invasiva por pneumococos. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece a vacina VPC10 no calendário de vacinação infantil, a partir dos 2 meses. Do ponto de vista da saúde individual, a SBIm recomenda, sempre que possível , o uso da vacina VPC 13, que previne três sorotipos adicionais. Crianças menores de 6 meses que já tenham começado ou mesmo completado o esquema de VPC10 também podem se beneficiar com dose(s) adicional(is) de VPC13. Para tanto, é necessário respeitar um intervalo mínimo de dois meses em relação à dose anterior de VPC10 e observar as orientações para cada idade de início, devidamente descritas em bula.
Vacinas disponíveis
- Vacinas pneumocócicas conjugadas — VPC10 e VPC13
- Vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente – VPP23
Saiba mais
- Perguntas e respostas sobre meningites
- http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/meningites
- http://bdtd.ibict.br/vufind/Record/USP_95910f310388a2814a61c3d79d02fa12
- http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0021-75572015000200130&script=sci_arttext&tlng=pt
- https://www.paho.org/hq/index.php?option=com_content&view=article&id=1894:2009-about-pneumococcus-disease&Itemid=1630&lang=es
- http://www.ial.sp.gov.br/resources/insituto-adolfo-lutz/publicacoes/sireva_2017_2.pdf