As vacinas estão entre os produtos farmacêuticos mais seguro, mas ainda assim podem acontecer os chamados “eventos supostamente atribuíveis à vacinação ou imunização” (ESAVI)”. O termo se refere a qualquer ocorrência médica indesejável que ocorra depois da vacinação, mesmo que não tenha sido causada pela vacina. Às vezes, a relação é apenas coincidência temporal. A maioria dos ESAVIS é leve ou moderado. Os graves, extremamente raros, são situações que:

  • requerem intervenção médica prolongada ou hospitalar;
  • resultam em incapacidade persistente e/ou significativa;
  • resultam em uma anomalia congênita;
  • resultam em morte.

De modo geral, em pessoas sem histórico de hipersensibilidade ou de doença que cause imunocomprometimento não há como prever se haverá reação a uma vacina e se o episódio será leve ou grave. Para minimizar o risco, é importante seguir as diretrizes de boas práticas em vacinação e identificar, antes da aplicação, se existe ou não contraindicação ou precauções para alguma vacina. Pessoas com história de ESAVI grave em vacinação anterior e/ou com condições especiais demandam mais atenção.

Observação: a Reação de Arthus — ESAVI local que pode acontecer com qualquer pessoa após a aplicação de diversas vacinas — é frequentemente confundida com quadros infecciosos (celulite ou abscesso) e tratada desnecessariamente com antibióticos. Todo profissional da saúde que trabalha com imunizações deve saber identificar que a relação temporal precoce entre os sinais/sintomas e a vacinação direciona o diagnóstico para Reação de Arthus e fornecer a orientação adequada.

Uso da mesma vacina após ESAVI

Muitos ESAVIs graves são situações pontuais que não se repetem com doses subsequentes da vacina. Dessa maneira, é possível continuar o esquema com a mesma vacina, desde que sob orientação e, eventualmente, supervisão médica rigorosa. A exceção se dá quando há histórico confirmado de anafilaxia à vacina ou a um de seus componentes — neste caso, a contraindicação é absoluta.

Cabe ao profissional da saúde, diante de um ESAVI, notificar o serviço de vigilância local e o fabricante da vacina, além de acompanhar, avaliar e investigar o caso. Com essas informações em mãos é possível definir se há segurança para a revacinação ou continuidade do esquema vacinal com determinadas vacinas. Veja as orientações do Ministério da Saúde sobre a notificação e condutas diante de ESAVI em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_vigilancia_epidemiologica_eventos_vacinacao_4ed.pdf.

Anafilaxia (alergia grave)

Anafilaxia é uma reação de hipersensibilidade muito rara. No geral, a chance de ocorrer após uma única dose da vacina é de cerca de um caso por milhão, embora o risco varie de acordo com o tipo de vacina. Entre os componentes da vacina mais frequentemente implicados nesse tipo de reação alérgica estão alguns antibióticos, gelatina e proteínas do ovo.

Pessoas alérgicas ao látex (borracha) estão em risco de ESAVI caso haja traços da substância no equipamento que contém a vacina, como tampas de frascos e êmbolos de seringa. Assim, antes da vacinação, o profissional da saúde deve consultar as bulas e outros meios de informação sobre os produtos.

Avaliação de pessoas com histórico de alergias

Todo serviço de vacinação deve investigar se há história de alergias e reações anteriores antes de administrar qualquer dose de vacina. Dependendo da alergia, pode ou não haver contraindicação para a vacinação.

Reações alérgicas a algum antibiótico (neomicina, por exemplo) restritas a manifestações de pele (como erupções cutâneas) não são consideradas fatores de risco para uma reação alérgica grave (anafilaxia) a vacinas que contenham esse antibiótico.

Pessoas com alergia a proteína do ovo de galinha (ovalbumina) podem receber as vacinas influenza (gripe), tríplice viral e tetraviral, que contêm quantidade desprezível da substância. No caso da vacina febre amarela, por outro lado, aqueles que apresentam histórico de anafilaxia ao ovo devem ser submetidos a um protocolo especial, pois a quantidade de ovalbumina na fórmula é maior. Para tanto, devem buscar aconselhamento especializado nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).

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