O que previne
A covid-19, em pessoas a partir de 6 meses.
Em maio de 2023, o Grupo Consultivo Técnico da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre composição de vacinas covid-19 recomendou que as novas vacinas, ou atualizadas, sejam formuladas como vacinas monovalentes, com uma linhagem do vírus SARS-CoV-2 descendente da variante XBB.1.
O objetivo é fornecer maior proteção contra a covid-19 causada pelas variantes que predominam no momento. A composição das vacinas disponíveis no SUS deve atender ao recomendado pela OMS, sempre com a versão mais atualizada.
Do que são feitas
As vacinas covid-19 da Moderna (Spikevax®) e da Pfizer (Comirnaty®) são vacinas inativadas compostas por RNA mensageiro (RNAm) modificado, encapsulado em partículas nanolipídicas. Esse RNAm codifica as células humanas para transcreverem a proteína S (spike) do vírus SARS-CoV-2, o que estimula a produção de anticorpos contra ela e, consequentemente, previne a infecção.
Já a vacina covid-19 da Serum /Zalika é inativada, recombinante, e contém a proteína S (spike) do SARS-CoV-2, associada ao adjuvante Matrix-M.
Indicações do PNI
Vacinação de rotina:
- Crianças de 6 meses até 4 anos, 11 meses e 29 dias não vacinadas ou com esquema vacinal incompleto;
- Pessoas a partir de 60 anos;
- Gestantes.
Vacinação Especial:
- Pessoas imunocomprometidas ou em situação de imunossupressão, a partir de 6 meses de idade:
- transplantadas de órgão sólido ou de medula óssea;
- pessoas vivendo com HIV (PVHIV);
- pessoas com doenças inflamatórias imunomediadas em atividade que usem ≥ 20 mg/dia de corticoides (prednisona ou equivalente) há no mínimo 14 dias;
- crianças de até 10 Kg que usem ≥ 2 mg/kg/dia de corticoides (prednisona ou equivalente) há no mínimo 14 dias;
- pessoas em uso de imunossupressores e/ou imunobiológicos que levam à imunossupressão;
- pessoas com erros inatos da imunidade (imunodeficiências primárias);
- pessoas com doença renal crônica em hemodiálise;
- pacientes oncológicos que realizam ou realizaram tratamento quimioterápico ou radioterápico e estão em acompanhamento, bem como pessoas com neoplasias hematológicas;
- Pessoas com comorbidades não imunossupressoras a partir de 5 anos de idade (saiba mais);
- Pessoas a partir de 5 anos de idade pertencentes a outros grupos de maior vulnerabilidade:
- pessoas vivendo em instituições de longa permanência;
- indígenas vivendo em terra Indígena e fora da terra Indígena;
- população ribeirinha;
- quilombolas;
- trabalhadores da saúde;
- pessoas com deficiência permanente;
- pessoas privadas de liberdade;
- funcionários do sistema de privação de liberdade;
- adolescentes e jovens cumprindo medidas socioeducativas;
- pessoas em situação de rua.
Contraindicações
- Alergia a qualquer um dos componentes presentes na vacina;
- Histórico de anafilaxia após dose anterior.
Esquemas de doses
Histórico vacinal | Esquema | Intervalos entre as doses | Reforços |
---|---|---|---|
Nunca vacinadas |
Vacina Moderna ou Três doses de 0,2 ml |
Vacina Moderna Vacina Pfizer - Quatro semanas entre a primeira e a segunda doses |
- |
Com esquema das vacinas anteriores incompleto | Completar esquema com a vacina disponível para a faixa etária | Mínimo de três meses após a dose mais recente | - |
Imunocomprometidas completamente vacinadas com as vacinas anteriores | Duas doses de qualquer vacina atualizada disponível para a faixa etária | Mínimo de seis meses entre as duas doses | Dois reforços anuais com a vacina atualizada. Seis meses de intervalo entre as doses |
Imunocomprometidas nunca vacinadas | Três doses de qualquer vacina atualizada disponível para a faixa etária |
- Quatro semanas entre a primeira e a segunda doses |
Dois reforços anuais com a vacina atualizada. Seis meses de intervalo entre as doses |
Crianças com comorbidades com esquema completo com as vacinas anteriores | Uma dose da vacina atualizada disponível para a faixa etária | - | Uma dose anual com a vacina atualizada |
Crianças em situação de revacinação (transplante de células-tronco hematopoiéticas) | Três doses da vacina atualizada disponível para a faixa etária |
- Quatro semanas entre a primeira e a segunda doses; - Oito semanas entre a segunda e a terceira doses |
Dois reforços anuais, com seis meses de intervalo, enquanto durar a imunodepressão |
Observação: Crianças saudáveis a partir de 5 anos que receberam ao menos uma dose, mas não completaram o esquema vacinal indicado antes desta idade, são consideradas devidamente vacinadas. O esquema deve ser qualificado como encerrado.
Histórico vacinal | Esquemas | Intervalos entre doses | Reforços |
---|---|---|---|
A partir dos 60 anos, independentemente de histórico vacinal | Duas doses anuais da vacina atualizada | Intervalo de seis meses entre as doses | Dois reforços anuais, com seis meses de intervalo |
Gestantes e puérperas, independentemente do histórico vacinal | Uma dose, preferencialmente de vacina RNAm*, em qualquer momento da gestação | A cada gestação, respeitando o intervalo mínimo de seis meses |
* Devido à limitação nos dados disponíveis sobre o uso da vacina covid-19 recombinante em gestantes, a administração desta vacina deve ser realizada apenas quando os benefícios superarem eventuais riscos para a mãe e o feto.
Histórico vacinal | Esquemas | Intervalos entre doses | Reforços |
---|---|---|---|
Pessoas com comorbidades ou de maior vulnerabilidade incluídas no grupo de vacinação especial, não imunodeprimidas, independentemente do histórico vacinal |
Menores de 11 anos Uma dose da vacina covid-19-RNAm da formulação pediátrica da vacina da Pfizer (Comirnaty®) pediátrica ou da vacina Moderna (Spikevax®), com volume de dose recomendado para a idade A partir dos 12 anos Uma dose. Podem ser utilizadas as vacinas covid-19 RNAm da Pfizer (Comirnaty®) Moderna (Spikevax®) ou ainda a vacina covid-19 recombinante da Serum/Zalika |
Mínimo de três meses após a última vacinação | Um reforço anual, com seis meses de intervalo |
Imunocomprometidos sem vacinação prévia |
Entre 5 e 11 anos A partir de 12 anos |
Em qualquer idade, intervalo de quatro semanas entre a primeira e a segunda doses e de oito semanas entre a segunda e a terceira | Dois reforços anuais, com seis meses de intervalo |
Imunocomprometidos com esquema de vacinação incompleto | Completar esquema de três doses da vacina atualizada disponível, com volume adequado para a idade. | Em qualquer idade, intervalo de quatro semanas entre a primeira e a segunda doses e de oito semanas entre a segunda e a terceira | Dois reforços anuais, com seis meses de intervalo |
Imunocomprometidos com esquema de vacinação completo | Duas doses da vacina atualizada disponível, com o volume adequado para a idade | Intervalo de seis meses entre as doses | Dois reforços anuais, com seis meses de intervalo |
Pessoas em situação de revacinação (transplante de células-tronco hematopoiéticas) | Três doses da vacina atualizada disponível para a faixa etária |
- Quatro semanas entre a primeira e a segunda doses - Oito semanas entre a segunda e a terceira doses |
Dois reforços anuais, com seis meses de intervalo, enquanto durar a imunodepressão |
Observações
- Intercambialidade: o esquema vacinal pode ser completado com vacinas covid-19 de fabricantes diferentes (esquema heterólogo) nas situações de indisponibilidade ou descontinuidade da vacina utilizada inicialmente ou em caso de contraindicação da vacina utilizada em dose anterior. Mais informações podem ser acessadas no documento publicado pelo Ministério da Saúde. Leia aqui;
- As secretarias municipais de saúde têm autonomia para estabelecer as estratégias de vacinação dentro de seus territórios, de acordo com a disponibilidade de vacinas e particularidades populacionais ou epidemiológicas. É possível, portanto, que a oferta seja estendida para outros grupos além dos contemplados pelo Ministério de Saúde. Fique atento aos meios de comunicação das prefeituras ou acesse o site de sua Secretaria Municipal de Saúde.
Via de aplicação
Intramuscular.
Cuidados antes, durante e após a vacinação
- A vacinação deve ser postergada na presença de quadros respiratórios febris até a melhora do quadro clínico e ausência de febre por 24 horas;
- Pessoas que tiveram covid-19 podem receber a vacina desde que estejam plenamente restabelecidas e tenham passado pelo período de isolamento respiratório;
- Gestantes: as evidências atuais demonstram não haver risco de malformação do feto. Gestantes e puérperas, sobretudo com comorbidades, estão entre os grupos prioritários para vacinação;
- O uso de imunoglobulinas não exige intervalo para a vacina, exceto para pacientes que utilizaram como parte do tratamento contra covid-19 anticorpos monoclonais, imunoglobulina ou plasma convalescente específicos contra o SARS-CoV-2. Nesses casos, a orientação é aguardar, preferencialmente, 90 dias;
- Assim como ocorre com outras aplicações intramusculares, deve haver cautela na técnica de aplicação da vacina em pessoas com trombocitopenia, coagulopatias ou em vigência de terapia anticoagulante, uma vez que nesses indivíduos pode ocorrer sangramento e hematoma após a administração;
- Imunossuprimidos: como toda vacina inativada, pode ser utilizada com segurança em pessoas imunossuprimidas, inclusive naquelas em tratamento de câncer;
- Não há necessidade de intervalo para outras vacinas. As vacinas podem, inclusive, ser administradas no mesmo dia.
- Pessoas com histórico de anafilaxia a outras vacinas ou medicamentos injetáveis não têm contraindicação absoluta à vacinação contra covid-19, mas devem ser observadas por trinta minutos após a aplicação.
- Uma dose adicional de vacina de um determinado fabricante está contraindicada para aqueles que tiveram anafilaxia após uma dose anterior deste mesmo fabricante.
- Lactantes: as vacinas RNAm não representam risco para o lactente. Além disso, estudos mostram que os anticorpos produzidos pela vacina são encontrados no leite materno, o que pode ajudar a proteger os bebês. Quanto à vacina recombinante, não existem dados sobre excreção no leite humano.
- Indivíduos que desenvolveram miocardite/pericardite após uma dose da vacina Covid-19 RNAm não devem receber doses adicionais de qualquer vacina contra a covid-19, a menos que seja recomendado após criteriosa avaliação médica do benefício-risco da vacinação.
- Reações associadas à ansiedade — desmaios (reações vasovagais), hiperventilação, tremores, sensação de falta de ar ou agitação — podem ocorrer em algumas pessoas durante a vacinação, como resposta ao ato da injeção. Por precaução, os profissionais de saúde devem estar atentos para identificar e manejar a situação, conforme as recomendações vigentes para a vacinação segura.
- Exacerbações da síndrome de transudação capilar (STC): a exacerbação da STC foi notificada raramente nos primeiros dias após a vacinação com a primeira versão da Spikevax®. Os profissionais de saúde devem permanecer atentos aos sinais e aos sintomas da síndrome (hipotensão, hipoalbuminemia, edema e hemoconcentração) para realizar o tratamento oportuno.
- Doação de sangue: indivíduos vacinados com as vacinas covid-19 de RNAm devem aguardar pelo menos sete dias para doar sangue.
Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização (ESAVI):
A segurança das vacinas originais de mRNA e suas atualizações está bem estabelecida, com base nos dados de estudos clínicos e no monitoramento das mais de 10 bilhões de doses aplicadas em todo o mundo.
Eventos adversos possíveis
- Muito comuns (ocorrem em 10% dos vacinados): dor e inchaço no local de injeção, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, dor nas articulações, calafrios e febre;
- Comuns (ocorrem entre 1% e 10% dos vacinados): vermelhidão no local de injeção e náusea;
- Incomuns (ocorrem entre 0,1% e 1% dos vacinados): aumento dos gânglios linfáticos (ou ínguas), sensação de mal-estar, dor nos membros, insônia e prurido no local de injeção;
- Raros (em menos de 0,1% dos vacinados): reação alérgica grave (anafilaxia) e fenômenos de hipersensibilidade;
- Órgãos de vigilância de Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização (ESAVI) de diversos países verificaram um aumento nas notificações de miocardite e pericardite (inflamação do músculo cardíaco e da estrutura que envolve o coração) após a vacinação com vacinas de mRNA em adolescentes e adultos jovens. A maioria dos episódios foi leve e tratável, ocorreu em indivíduos do sexo masculino, geralmente após a segunda dose, e entre quatro e 30 dias depois da aplicação.
É importante ressaltar que o risco de miocardite/pericardite após a vacinação existe com qualquer vacina covid-19 disponívei, mas é muito raro e muito menor do que o causado pela própria doença. Por isso, agências regulatórias do mundo continuam a recomendar a vacinação. No Brasil, os casos notificados ocorreram com frequência ainda mais rara do que em outros países, todos sem gravidade e com recuperação total.
Mais informações estão disponíveis aqui.
Onde pode ser encontrada:
No sistema público de vacinação.