Pessoas com câncer, transplantados ou com algumas doenças crônicas podem precisar de medicamentos que comprometem em diferentes graus o funcionamento do sistema imune, seja de forma temporária ou permanente.

O ideal é que essas pessoas e seus contatos domiciliares sejam avaliados e vacinados entre duas e quatro semanas antes do início do tratamento. Isso porque, além do maior risco para infecções durante a imunodepressão causada pelo tratamento, as vacinas vivas atenuadas são contraindicadas nessa situação.

O grau de imunodepressão, bem como sua persistência, varia com a droga, a dose e a duração do tratamento. Portanto, cada caso deve ser examinado individualmente pelo(a) médico(a). Conheça os principais tipos de medicamentos imunossupressores:

  • Corticosteroides (corticoides): são considerados imunossupressores em dose ≥2 mg/kg/dia de prednisona ou seu equivalente para crianças, ou ≥20 mg/dia por 14 dias ou mais para crianças e adultos.
    • Importante: o uso de corticoide tópico (colírio, creme ou pomada), inalatório ou intra-articular não é considerado imunossupressor.
  • Drogas imunodepressoras biológicas como infliximabe (anti-TNF alfa) e outros anti-TNF; rituximabe (anticélulas B), abatacept (reduzem ativação de células T); tocilizumabe (anti IL-6), eculizumabe (reduzem ativação do sistema complemento que integra a resposta imune): qualquer dose é considerada imunodepressora.
  • Drogas imunodepressoras não biológicas como metotrexato, ciclosporina, tacrolimus, micofenolato de mofetila, azatioprina, ciclofosfamida, leflunomida, 6-mercaptopurina: a imunodepressão depende da dose.

As vacinas inativadas podem ser aplicadas sem risco durante o tratamento com essas drogas, com a ressalva de que talvez seja preciso repeti-las após a interrupção do tratamento e restabelecimento das funções do sistema imune, para assegurar a resposta adequada. Já as vacinas vivas atenuadas não devem ser administradas durante o tratamento. A administração deve ocorrer após a terapia imunossupressora ser cessada e o sistema imunológico do paciente ter se restabelecido. Os intervalos mínimos a serem respeitados dependem da medicação, como demonstrado no quadro a seguir:

Intervalo para administração de vacinas vivas atenuadas, de acordo com produto
Uso de drogas que podem causar imunocomprometimento e intervalo entre descontinuidade do tratamento e aplicação de vacinas atenuadas 
DrogasDose imunossupressoraIntervalo para vacinação
Corticoides (Predisona ou equivalente) ≥ 2 mg/kg/dia ou ≥ 20 mg/dia por mais de duas semanas Um mês
Metotrexato ≥ 0,4 mg/kg/semana; ≥ 20 mg/dia Um a três meses
Leflunomida 0,25 - 0,5 mg/kg/dia; ≥ 20 mg/dia Quando níveis séricos estiverem abaixo de 0,02 mg/L
Sulfasalazina e hidroxicloroquina - Nenhum
Micofenolato de mofetila 3 g/dia Três meses
Azatioprina 1 - 3 mg/kg/dia Três meses
Ciclofosfamida 0,5 - 2,0 mg/kg/dia  Três meses
Ciclosporina ≥ 2,5 mg/kg/dia Três meses
Tacrolimus 0,1 a 0,2 mg/kg/dia  Três meses
6-mercaptopurina 1,5 mg/kg/dia Três meses 
Biológicos: antitocinas e inibidores da coestimulação do linfócito T Três meses, mínimo de cinco meias-vidas, ou o que for menor
Biológicos depletores de linfócitos B Seis meses
Sintéticos alvo-específicos: inibidores da JAK (Tofacitinibe) Duas semanas

Observações:

1. Vacinar preferencialmente antes da imunossupressão. Vacinas inativadas devem ser administradas pelo menos 14 dias antes do início da terapia imunossupressora e as vivas atenuadas idealmente quatro semanas antes. Na impossibilidade de aguardar, manter intervalo mínimo de duas semanas.

2. Bebês de mulheres que utilizaram biológicos durante a gestação: vacinas vivas atenuadas podem ser aplicadas após 6 a 8 meses de idade.

Adaptado do Calendário SBIm Pacientes Especiais.

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