Pessoas que vivem com diabetes
Por que o cuidado especial?
Sabe-se que a hiperglicemia – alta concentração de açúcar no sangue, comum em quem vive com diabetes – afeta múltiplos mecanismos do sistema imunológico e aumenta a chance de infecções e suas complicações, incluindo o óbito. Confira algumas doenças que podem ser mais graves em diabéticos:
- Influenza (gripe)
- Pessoas que vivem com diabetes estão entre os indivíduos com maior chance de desenvolver formas graves da doença, necessitar de hospitalização e até morrer. No Brasil, cerca de 70% das mortes por influenza (gripe) ocorrem em indivíduos pertencentes aos grupos de risco. Desses, entre 20% e 30% têm diabetes mellitus.
- Pneumonia pneumocócica
- Pessoas que vivem com diabetes têm risco 50% maior para este tipo de pneumonia e até 4,5 vezes maior para as doenças pneumocócicas mais graves (chamadas de invasivas), como meningite e infecção generalizada/septicemia. Existe alta probabilidade de hospitalização, inclusive em unidades de terapia intensiva.
- Herpes-zóster
- Dados americanos demonstram um risco três vezes maior de herpes-zóster, popularmente chamada de “cobreiro”, entre pessoas que vivem com diabetes acima de 65 anos. Em mais jovens, o risco é de 1,3 a duas vezes maior.
- Hepatite B
- O diabetes tipo 2 duplica nos infectados crônicos pelo vírus da hepatite B a possibilidade de complicações hepáticas, como cirrose, câncer, necessidade de transplante hepático e morte. A recíproca é verdadeira: a infecção pelo vírus da hepatite B aumenta a probabilidade de complicações decorrentes do diabetes.
Os dados evidenciam a importância de a pessoa com diabetes manter atualizado o calendário de vacinação para a sua faixa etária, incluindo as vacinas não previstas na vacinação de rotina do sistema público para a população em geral.
Vacinas especialmente recomendadas
As recomendações a seguir destinam-se a pessoas com diabetes e sem imunodepressão ou outras doenças crônicas. Na presença de condições adicionais, principalmente as associadas à imunodepressão, consulte os calendários de vacinação específicos para o seu estado clínico, também na seção Vacinação de pacientes especiais.
Influenza (gripe)
A vacina influenza quadrivalente (4V) é preferível à vacina influenza trivalente (3V) por proteger contra mais tipos do vírus responsável pela doença. Na impossibilidade de uso da vacina 4V, utilizar a vacina 3V.
Esquema de doses
- Para crianças que iniciam a vacinação entre 6 meses e 8 anos de idade: duas doses com intervalo de 30 dias e uma dose anual nos anos seguintes;
- A partir de 9 anos: uma dose anual;
- Observações:
- Devido à resposta imunológica inferior e menos duradoura conferida pelas vacinas influenza a idosos e pacientes imunodeprimidos, a administração de uma dose extra a partir de três meses após a dose anual pode ser considerada em situação epidemiológica de risco;
- Para pacientes a partir de 60 anos, avaliar a utilização da vacina influenza quadrivalente com mais altas doses de antígenos (“high dose” - 4VHD), que permite maior proteção.
Onde se vacinar
- Vacina influenza trivalente (3V): UBS, CRIE e serviços privados de vacinação;
- Vacina influenza quadrivalente (4V): serviços privados de vacinação;
- Vacina influenza quadrivalente “high dose“ (4VHD): serviços privados de vacinação.
Vacinas pneumocócicas conjugadas (VPC10 e VPC13) e polissacarídica (VPP23)
Para a proteção adequada de pessoas que vivem com diabetes, recomenda-se o esquema com dois tipos de vacinas pneumocócicas, complementares e não excludentes (esquema sequencial): iniciando preferencialmente com uma vacina conjugada (VPC10 ou VPC13), seguida da vacina polissacarídica (VPP23).
A SBIm recomenda o uso preferencial da VPC13 para ampliar a proteção para mais sorotipos adicionais, principalmente em pessoas de alto risco para doença pneumocócica invasiva, como os diabéticos. Nas UBS e nos CRIE, a VPC10 é a vacina utilizada na rotina para crianças menores de 5 anos de idade, incluindo aquelas com comorbidades. A vacina VPC13 não está disponível na rede pública para pessoas com diabetes.
A VPP23 está recomendada somente a partir dos 2 anos de idade, sempre em esquema complementar com as vacinas VPC10 ou VPC13
Esquema de doses
O esquema depende da idade de início da vacinação.
Nas UBS e nos CRIE
- Até completar 6 meses: três doses de VPC10, com intervalo de dois meses, e reforço no segundo ano de vida (esquema 3 + 1). As duas primeiras doses são oferecidas nas UBS, aos 2 e 4 meses, e a terceira nos CRIE, aos 6 meses, podendo ser feita até 11 meses e 29 dias. Uma dose de VPP23 deve ser administrada a partir dos 2 anos e uma segunda dose cinco anos após a primeira;
- Entre 7 e 11 meses: duas doses de VPC10, com intervalo de dois meses, e um reforço no segundo ano de vida (esquema 2 + 1). Uma dose de VPP23 a partir dos 2 anos de idade e uma segunda dose cinco anos depois;
- Entre 12 e 23 meses: duas doses de VPC10, com intervalo de dois meses, e uma dose de VPP23 dois meses depois. Uma segunda dose de VPP23 deve ser administrada cinco anos após a primeira;
- Entre 2 e 4 anos de idade: uma dose de VPC10 e uma dose de VPP23 dois meses depois. Uma segunda dose de VPP23 deve ser administrada cinco anos após a primeira;
- A partir de 5 anos de idade: duas doses de VPP23, com cinco anos de intervalo.
Recomendações da SBIm
A SBIm recomenda para pessoas com diabetes a vacinação com VPC13 em todas as faixas etárias, mesmo para os que estão em dia com o calendário da VPC10. O número de doses e os intervalos dependem da idade de início da vacinação:
- Até 6 meses: três doses de VPC13, com intervalo de dois meses, e reforço no segundo ano de vida (esquema 3 + 1). Uma dose de VPP23 a partir dos 2 anos e uma segunda dose cinco anos depois;
- Entre 7 e 11 meses: duas doses de VPC13, com intervalo de dois meses, e um reforço no segundo ano de vida (esquema 2 + 1). Uma dose de VPP23 a partir dos 2 anos e uma segunda dose cinco anos depois;
- Entre 12 e 23 meses: duas doses de VPC13, com intervalo de dois meses, e uma dose de VPP23 dois meses depois. Uma segunda dose de VPP23 deve ser administrada cinco anos após a primeira;
- A partir de 2 anos de idade não vacinados anteriormente: uma dose de VPC13 e uma dose de VPP23 dois meses depois. Uma segunda dose de VPP23 deve ser administrada cinco anos após a primeira;
- A partir de 2 anos já vacinados com vacinas conjugadas (VPC10 ou VPC13): respeitar intervalo de dois meses em relação à última dose da vacina conjugada e aplicar a VPP23. Uma segunda dose de VPP23 deve ser aplicada cinco anos depois;
- Uma terceira dose de VPP23 é recomendada para pessoas a partir de 60 anos que tenham recebido a segunda dose antes desta idade;
- Observação: Aqueles que iniciaram esquema com a VPP23 devem receber uma dose de VPC13, 12 meses após VPP23.
Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm - Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).
Onde se vacinar
- VPC10:
- UBS e/ou CRIE: para menores de 5 anos de idade. As UBS oferecem duas doses da vacina. Caso o esquema recomendado seja de três doses, a terceira deverá ser recebida nos CRIE.
- VPC13:
- Serviços privados de vacinação.
- VPP23:
- CRIE: duas doses;
- Serviços privados de vacinação.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.
Hepatite B
Esquema de doses
- Consultar calendários de vacinação SBIm para cada faixa etária.
- É necessário realizar exame Anti-HBs um a dois meses após a última dose, para avaliar se a resposta foi satisfatória e a pessoa está de fato protegida. Considera-se imunizado quando o Anti-HBs é igual ou superior a 10 mUI/mL. Se o resultado do anti-HBs for inferior a 10 mUI/mL, repetir o esquema vacinal uma única vez.
Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm - Pacientes Especiais (aqui) e o Manual dos CRIE (aqui).
Onde se vacinar
- UBS, CRIE e serviços privados de vacinação.
Acesse aqui a lista com os endereços e telefones dos CRIE. Caso não exista um na sua cidade, compareça à UBS mais próxima. Os profissionais poderão solicitar ao CRIE do estado ou região o envio da vacina.
Herpes-zóster
A vacina herpes-zóster recombinante (VZR) inativada é especialmente recomendada para pessoas com diabetes a partir de 50 anos, mesmo para os que já tiveram a doença e/ou foram previamente vacinados com a vacina herpes-zóster atenuada (VZA).
Esquema de doses
- Duas doses, com intervalo de dois meses.
Para mais informações, acesse os Calendários de vacinação SBIm - Pacientes Especiais (aqui);
Onde se vacinar
- Serviços privados de vacinação.
Outras recomendações
As vacinas abaixo estão recomendadas de rotina. Para esquema de doses e onde se vacinar, consulte os Calendários de vacinação SBIm para cada faixa etária.
- BCG
- Rotavírus
- Poliomielite (inativada ou oral)
- Haemophilus influenzae b (Hib)
- Dupla bacteriana do tipo adulto (dT)
- Tríplice bacteriana (DTPw ou DTPa) e suas combinações (combinadas à DTPa e tríplice bacteriana de células inteiras com Hib e hepatite B)
- Tríplice bacteriana do tipo adulto (dTpa) ou com poliomielite (dTpa-VIP)
- Hepatite A
- Tríplice viral (sarampo, caxumba, rubéola)
- Tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola, varicela)
- Varicela
- Febre amarela
- HPV4
- Meningocócicas conjugadas (MenC ou ACWY)
- Meningocócica B
- Dengue
Importante: Na presença de imunodepressão as vacinas atenuadas BCG, VOP (poliomielite oral), rotavírus, tríplice viral (sarampo, caxumba, rubéola), tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola, varicela), varicela, febre amarela, herpes-zóster atenuada e dengue estão contraindicadas.
Vacinacão de contatos domiciliares
A SBIm recomenda que todos os contatos domiciliares de pessoas que vivem com diabetes estejam em dia com os calendários de vacinação SBIm para cada faixa etária.